sexta-feira, setembro 29, 2006
quarta-feira, setembro 27, 2006
Amadeo de Souza-Cardoso nasce a 14 de Novembro de 1887 em Manhufe, próximo de Amarante, e morre em Espinho, vítima de “pneumónica”, ou gripe espanhola, a 25 de Outubro de 1918.Em 1906, parte para Paris com Francis Smith e instala-se no Boulevard de Montparnasse. Estuda Arquitectura, frequentando os ateliês de Godefroy e de Freynet, mas acaba por desistir do curso, por estar mais interessado em desenvolver uma actividade de desenhador e caricaturista, permanecendo atento ao movimento artístico parisiense. Em 1908, começa a assistir regularmente às aulas do pintor espanhol Anglada Camarasa, na Academia Vitti.
NOTA : duas deusitas não foram ver o mar. Foram ver o Museu Souza Cardozo a Amarante. e gostaram. Fica postada uma obra para as deusitas
segunda-feira, setembro 25, 2006
Deusa Papoila - Uma força da natureza em repouso depois da tempestade. Prepara-se para um novo renascer.... Deusa Castanha -Aguardem, já aí está a onda que se segue, vamos lá a dominar a fera....
Deusa Maria - Na crista da onda. Fortes correntes marítimas levem-me para outros mares.
Deusa Borboleta - De onde veio toda esta espuma, será apenas o resultado de muita turbulência a vir ao-de-cima?
Deusa das Águas - Rebentamento no auge. Aguarda novas e mais tranquilas marés.
Deusa da Luz -Tudo reflete e tudo ilumina, mesmo que por dentro se encontre grande agitação.
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Como andam as deusas? Perguntei ao Céu e ao Mar e estas foram as respostas....
Para todas vós trago beijos molhados do mar e abraços do tamanho do céu.
Inês
domingo, setembro 24, 2006
Apresentaram-me um novo blog com textos lindos, postados por Daterra.
O nome do blog é ww.umafloreoutrascoisassimples. blogspot.com.
Vão lá fazer uma visita e deixem os vossos comentários.
Não cobiço nem disputo os teus olhos
não estou sequer à espera que me deixes ver através dos teus olhos
nem sei tão pouco se quero ver o que vêem e do modo como vêem os teus olhos
Nada do que possas ver me levará a ver e a pensar contigo
se eu não for capaz de aprender a ver pelos meus olhos e a pensar comigo
Não me digas como se caminha e por onde é o caminho
deixa-me simplesmente acompanhar-te quando eu quiser
Se o caminho dos teus passos estiver iluminado
pela mais cintilante das estrelas que espreitam as noites e os dias
mesmo que tu me percas e eu te percaalgures na caminhada certamente nos reencontraremos
Não me expliques como deverei ser
quando um dia as circunstâncias quiserem que eu me encontre
no espaço e no tempo de condições que tu entendes e dominas
Semeia-te como és e oferece-te simplesmente à colheita de todas as horas
Não me prendas as mãos
não faças delas instrumento dócil de inspirações que ainda não vivi
Deixa-me arriscar o molde talvez incerto
deixa-me arriscar o barro talvez impróprio
na oficina onde ganham forma e paixãotodos os sonhos que antecipam o futuro
E não me obrigues a ler os livros que ainda não adivinhei
nem queiras que eu saiba o que ainda não sou capaz de interrogar
Protege-me das incursões obrigatórias que sufocam o prazer da descoberta
e com o silêncio (intimamente sábio) das tuas palavras e dos teus gestos
ajuda-me serenamente a ler e a escrever a minha própria vida.
Ademar Ferreira dos Santos
quarta-feira, setembro 20, 2006
sábado, setembro 16, 2006
Mar Sonoro
Já que estamos numa de poemas, não posso deixar de prestar aqui a minha homenagem a uma grande mulher, com quem partilho a mesma paixão pelo mar...
Sophia de Mello Breyner Andresen
Mar Sonoro
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho,
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
Sophia de Mello Breyner Andresen in "Dia do Mar"
quarta-feira, setembro 13, 2006
Guardador de rebanhos
Guardador de Rebanhos - Poema V
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideias tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas)
O mistério das cousas? Sei lá o que é o mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas,
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar nelas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
e luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os lhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.
Alberto Caeiro
sexta-feira, setembro 08, 2006
Poema de Alvaro de Campos
segunda-feira, setembro 04, 2006
especialmente para algumas..."A tarde" de Cesário Verde
Cesário Verde (1855 - 1886)
José Joaquim Cesário Verde nasceu em 25 de Fevereiro de 1855 na cidade de Lisboa em Portugal. Filho de um lavrador e comerciante, dedicou-se desde muito jovem a essas actividades. No ano de 1873 matriculou-se no curso de Letras da Universidade de Coimbra, mas frequentou o curso somente por alguns meses. Nesse período, começou a publicar poesias no "Diário de Notícias", no "Diário da Tarde", no "Ocidente" e em alguns outros periódicos. Nessa época também surgem os sintomas mais agudos da tuberculose, doença que o levaria a morte em 18 de Julho de 1886. No ano seguinte, Silva Pinto, seu amigo dos tempos de universidade, reúne seus poemas em um livro intitulado "O Livro de Cesário Verde".
De Tarde
Naquele piquenique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
0
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
o
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
o
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!