sexta-feira, março 31, 2006

Sem título

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar,passear ou fazer sexo...
isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausênciade entes queridos que não podem mais voltar...
isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe,às vezes, para realinhar os pensamentos...
isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõecompulsoriamente para que revejamos a nossa vida...
isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.

terça-feira, março 28, 2006


Sorriso largo, estampado no rosto, elas aí vêm. Ouvidos tapados do voo curto. Têm os sentidos preenchidos de cor, de arte, de luz. Guardam as imagens na memória. Os músculos doridos. Sonhos de encontros e desencontros tecidos na Cité. Pela retina, batendo no cerebro, os oleos de Matisse, Van Gogh, Manet,Picasso...Guardam o sabor intenso do fondue, do chocolate. Retem odor do gel de banho de cheiro estranho.
Chegaram para contar , com brilho nos olhos e sorriso aberto, tornando-se Meninas no reencontro com a descoberta.

sexta-feira, março 24, 2006

ai,ai........


Álvaro de Campos

Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.

terça-feira, março 21, 2006

partilha- pôr do sol


Ontem, BK dizia-me : " Minha querida, nada é estável, tudo está em mudança, porque o minuto deste encontro, já é passado.E, o homem tem tanto medo da mudança, sem razão. Quando olhamos um pôr-do-sol o nosso coração fica preenchido de alegria. Quando ele acaba não ficamos tristes, porque temos a sua imagem dentro de nós. E, houve mudança. Então minha querida, porque fica o homem preocupado com a transitoriedade do momento?"

segunda-feira, março 20, 2006

CRASH

Filme muito perturbador. Independentemente do problema do racismo, perturbou-me muito a ideia com que o filme começa "as pessoas entram em colisão apenas para se sentirem tocadas" e olhadas e dignas de atenção e de tempo e de trabalho e de consideração.
Onde está a poesia que a Imenjá também procura?

deusas

deusas

Olá

João Villaret



João Villaret - o homem Um inegável talento para comunicar com os outros, arte na representação sobre os palcos e na televisão, onde surgiu em 1957 na peça "Esta Noite Choveu Prata", João Villaret ainda hoje é recordado com saudade. Falava sobre teatro, música e poesia com paixão, com o coração inteiro e com a alma entregue. Apaixonado de Fernando Pessoa, a quem prestou homenagem num dos seus programas, João Villaret é uma das personalidades maiores que passaram pela RTP, marco serve de referência e inspiração para muitos.

Fado falado

JOÃO VILLARET

Fado TristeFado negro das vielas
Onde a noite quando passa
Leva mais tempo a passar
Ouve-se a vozVoz inspirada de uma raça
Que mundo em fora nos levou
Pelo azul do mar
Se o fado se canta e chora
Também se pode falar
Mãos doloridas na guitarraque desgarra dor bizarra
Mãos insofridas, mãos plangentes
Mãos frementes e impacientes
Mãos desoladas e sombrias
Desgraçadas, doentias
Quando à traição, ciume e morte
E um coração a bater forte
Uma história bem singela
Bairro antigo, uma viela
Um marinheiro gingão
E a Emília cigarreira
Que ainda tinha mais virtude
Que a própria Rosa Maria
Em dia de procissão
Da Senhora da Saúde
Os beijos que ele lhe dava
Trazia-os ele de longe
Trazia-os ele do mar
Eram bravios e salgados
E ao regressar à tardinha
O mulherio tagarela
De todo o bairro de Alfama
Cochichava em segredinho
Que os sapatos dele e dela
Dormiam muito juntinhos
Debaixo da mesma cama
Pela janela da Emília
Entrava a lua
E a guitarra
À esquina de uma rua gemia
,Dolente a soluçar.
E lá em casa:
Mãos amorosas na guitarra
Que desgarra dor bizarra
Mãos frementes de desejo
Impacientes como um beijo
Mãos de fado, de pecado
A guitarra a afagar
Como um corpo de mulher
Para o despir e para o beijar
Mas um dia,
Mas um dia santo Deus, ele não veio
Ela espera olhando a lua, meu Deus
Que sofrer aqueleO luar bate nas casas
O luar bate na ruaMas não marca a sombra dele
Procurou como doida
E ao voltar da esquina
Viu ele acompanhad
oCom outra ao lado, de braço dado
Gingão, feliz, leviãoUm ar fadista e bizarro
Um cravo atrás da orelhaE preso à boca vermelhaO
que resta de um cigarro
Lume e cinza na viela,
Ela vê, que homem aquele
O lume no peito dela
A cinza no olhar dele
E o ciume chegou como lume
Queimou, o seu peito a sangrar
Foi como vento que veio
Labareda atear, a fogueira aumentar
Foi a visão infernal
A imagem do mal que no bairro surgiu
Foi o amor que jurou
Que jurou e mentiu
Correm vertigens num grito
Direito ou maldito que há-de perder
Puxa a navalha, canalha
Não há quem te valha
Tu tens de morrer
Há alarido na viela
Que mulher aquela
Que paixão a sua
E cai um corpo sangrando
Nas pedras da rua
Mãos carinhosas, generosas
Que não conhecem o rancor
Mãos que o fado compreendeme entendem sua dor
Mãos que não mentem
Quando sentem
Outras mãos para acarinhar
Mãos que brigam, que castigam
Mas que sabem perdoar
E pouco a pouco o amor regressou
Como lume queimou
Essas bocas febris
Foi um amor que voltou
E a desgraça trocou
Para ser mais feliz
Foi uma luz renascida
Um sonho, uma vida
De novo a surgir
Foi um amor que voltou
Que voltou a sorrir
Há gargalhadas no ar
E o sol a vibrar
Tem gritos de cor
Há alegria na viela
E em cada janela
Renasce uma flor
Veio o perdão e depois
Felizes os dois
Lá vão lado a lado
E digam lá se pode ou não
Falar-se o fado.

segunda-feira, março 13, 2006

ás deusitas e a Iemanjá


Por isso vos digo: Não vos preocupeis de vossa vida com o que haveis de comer, nem de vosso corpo, com o que haveis de vestir. Não será a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestido? Olhai as aves do céu: não semeiam nem colhem, nem guardam em celeiros, e no entanto, o Pai celeste as alimenta. E vós, não valeis muito mais do que elas? Quem de vós, com suas preocupações, pode aumentar a sua idade de um momento sequer? E com o vestido, por que vos preocupais? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam. E eu vos digo, que nem Salomão com toda sua glória se vestiu como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje cresce e amanhã será queimada, quanto mais a vós, homens de pouca fé!
Mateus -6.19-34

domingo, março 12, 2006

tea and scones...para cinco deusitas e um deusito


mham,mhan...uhn

para a Airam

Ainda para a Airam

"Uma teoria de Tudo"
Ken Wilber (Kenneth Earl Wilber Jr.), nascido em 31 de Janeiro de 1949, Oklahoma City (EUA), é um famoso filósofo e criador da Psicologia Integral. Sua obra concentra-se basicamente na integração de todas as áreas do conhecimento (ciência, filosofia arte, ética e espiritualidade). A preocupação em unir ciência e religião apóia-se em sua própria experiência e na de diversos místicos de todas as grandes tradições de sabedoria, tanto ocidentais quanto orientais. Em Consciência Cósmica (Kosmic Consciousness), Wilber começou o que ele se auto entitula: contador de histórias e criador de mapas. Suas histórias falam sobre questões universais e seus mapas integram várias perspectivas do cosmos.
Mesmo sendo considerado um fundador da escola da Psicologia Transpessoal, desde então ele se dissociou dela. Em 1998 Wilber fundou o Instituto Integral (Integral Institute), organização que reune os inúmeros pensamentos nas questões sobre a ciência e a sociedade de maneira integral. Ele tem sido pioneiro no desenvolvimento da Psicologia Integral e Política Integral.
No dia 4 de Janeiro de 1997, o jornal alemão Die Welt declarou Wilber como "o maior pensador no campo da evolução da consciência."

pastelaria

PASTELARIA
Afinal o que importa não é a literaturanem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante- ele há tanta maneira de compor uma estante
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há bola antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com fome porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter medo de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta de ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

Mário Cesariny

segunda-feira, março 06, 2006

Mereceu!

Eu tenho razão.....asiaticos são um must!

sexta-feira, março 03, 2006