NOTÍCIA DO PUBLICO de 29.5.08
Escassa oferta de filmes anteriores a 1990 leva estudantes a exigir pólo da Cinemateca no Porto
29.05.2008,
Luís Miguel Queirós
Um grupo de oito estudantes de várias universidades do Porto lançou ontem um abaixo-assinado apelando à criação de um pólo da Cinemateca Portuguesa na cidade. O documento foi distribuído após a exibição, na Faculdade de Economia do Porto, do filme Os Cavaleiros do Asfalto, de Scorsese, que encerrou o projecto Circuito, um ciclo de cinema promovido pelo mesmos estudantes, cujas sessões - antecedidas por uma introdução - decorreram nos auditórios de diversas faculdades do Porto. A reivindicação de uma extensão da Cinemateca na segunda cidade do país é antiga, e ainda recentemente foi recuperada pelo socialista Francisco Assis, vereador da Câmara do Porto. Assis considerou "escandaloso" que a Cinemateca Portuguesa sirva apenas Lisboa e defendeu que a instalação de um pólo no Porto não implicaria custos financeiros elevados, uma vez que já existem infra-estruturas que poderiam servir esse propósito.
Na sequência destas declarações, Pedro Mexia, recentemente nomeado sub-director da Cinemateca, admitiu que gostaria de criar "uma colaboração com o Porto" e de "descentralizar" a instituição, mas acrescentou, então, que a ideia ainda não fora discutida internamente. O PÚBLICO tentou ontem ouvir a direcção da Cinemateca, que esteve incontactável durante toda a tarde.
O que este grupo de estudantes - ligados aos cineclubes que funcionam em algumas faculdades do Porto - argumenta é que a progressiva deterioração da oferta de cinema no Porto, sobretudo de filmes anteriores a 1990, justifica que se "recoloque esta questão na ordem do dia" e se "apele a quem tem o poder de decidir para que tome medidas urgentes". Num extenso documento que serve de apoio à petição agora lançada - e que está disponível no blogue "circuitocinema" -, os respectivos subscritores chamam a atenção para o facto de, nos últimos dois anos, terem sido exibidos no Porto apenas 79 filmes anteriores a 1990.
Um número que desce para metade se excluirmos o Fantasporto, e que se reduziria a uma dúzia se não fossem as sessões promovidas pela Fundação de Serralves, onde os filmes, afirma o documento, são frequentemente projectados com "problemas graves ao nível da qualidade de imagem, som e legendagem". A escassa oferta restante fica a dever-se à Medeia Filmes, que exibe ocasionalmente filmes antigos no Teatro do Campo Alegre e nos cinemas do centro comercial Cidade do Porto, e à actividade dos cineclubes universitários.
O documento sugere que se comparem estes números com os 117 filmes anteriores a 1990 que a Cinemateca exibiu em Lisboa só durante o passado mês de Abril. Os estudantes lembram que o Porto já foi, entre os anos 50 e 70 do século passado, um dos grandes centros de cinefilia a nível europeu e que isso "permitiu a uma geração, que hoje se encontra na faixa etária dos 50 aos 70 anos, crescer com o cinema, sendo o conhecimento profundo desta arte um dos mais fortes pilares da sua cultura geral".
O documento sublinha que a Cinemateca é uma instituição nacional, financiada pelos contribuintes de todo o país, e que está obrigada, pela lei que a constituiu, a "promover o conhecimento da história do cinema, contribuindo para o desenvolvimento da cultura cinematográfica". E considera que "existir uma instituição pública que exibe cerca de cinco filmes por dia numa única cidade portuguesa, quando nas restantes se chegam a passar vários meses sem que uma única película anterior à década de 1990 seja exibida, consubstancia uma situação ofensiva e intolerável".
Escassa oferta de filmes anteriores a 1990 leva estudantes a exigir pólo da Cinemateca no Porto
29.05.2008,
Luís Miguel Queirós
Um grupo de oito estudantes de várias universidades do Porto lançou ontem um abaixo-assinado apelando à criação de um pólo da Cinemateca Portuguesa na cidade. O documento foi distribuído após a exibição, na Faculdade de Economia do Porto, do filme Os Cavaleiros do Asfalto, de Scorsese, que encerrou o projecto Circuito, um ciclo de cinema promovido pelo mesmos estudantes, cujas sessões - antecedidas por uma introdução - decorreram nos auditórios de diversas faculdades do Porto. A reivindicação de uma extensão da Cinemateca na segunda cidade do país é antiga, e ainda recentemente foi recuperada pelo socialista Francisco Assis, vereador da Câmara do Porto. Assis considerou "escandaloso" que a Cinemateca Portuguesa sirva apenas Lisboa e defendeu que a instalação de um pólo no Porto não implicaria custos financeiros elevados, uma vez que já existem infra-estruturas que poderiam servir esse propósito.
Na sequência destas declarações, Pedro Mexia, recentemente nomeado sub-director da Cinemateca, admitiu que gostaria de criar "uma colaboração com o Porto" e de "descentralizar" a instituição, mas acrescentou, então, que a ideia ainda não fora discutida internamente. O PÚBLICO tentou ontem ouvir a direcção da Cinemateca, que esteve incontactável durante toda a tarde.
O que este grupo de estudantes - ligados aos cineclubes que funcionam em algumas faculdades do Porto - argumenta é que a progressiva deterioração da oferta de cinema no Porto, sobretudo de filmes anteriores a 1990, justifica que se "recoloque esta questão na ordem do dia" e se "apele a quem tem o poder de decidir para que tome medidas urgentes". Num extenso documento que serve de apoio à petição agora lançada - e que está disponível no blogue "circuitocinema" -, os respectivos subscritores chamam a atenção para o facto de, nos últimos dois anos, terem sido exibidos no Porto apenas 79 filmes anteriores a 1990.
Um número que desce para metade se excluirmos o Fantasporto, e que se reduziria a uma dúzia se não fossem as sessões promovidas pela Fundação de Serralves, onde os filmes, afirma o documento, são frequentemente projectados com "problemas graves ao nível da qualidade de imagem, som e legendagem". A escassa oferta restante fica a dever-se à Medeia Filmes, que exibe ocasionalmente filmes antigos no Teatro do Campo Alegre e nos cinemas do centro comercial Cidade do Porto, e à actividade dos cineclubes universitários.
O documento sugere que se comparem estes números com os 117 filmes anteriores a 1990 que a Cinemateca exibiu em Lisboa só durante o passado mês de Abril. Os estudantes lembram que o Porto já foi, entre os anos 50 e 70 do século passado, um dos grandes centros de cinefilia a nível europeu e que isso "permitiu a uma geração, que hoje se encontra na faixa etária dos 50 aos 70 anos, crescer com o cinema, sendo o conhecimento profundo desta arte um dos mais fortes pilares da sua cultura geral".
O documento sublinha que a Cinemateca é uma instituição nacional, financiada pelos contribuintes de todo o país, e que está obrigada, pela lei que a constituiu, a "promover o conhecimento da história do cinema, contribuindo para o desenvolvimento da cultura cinematográfica". E considera que "existir uma instituição pública que exibe cerca de cinco filmes por dia numa única cidade portuguesa, quando nas restantes se chegam a passar vários meses sem que uma única película anterior à década de 1990 seja exibida, consubstancia uma situação ofensiva e intolerável".
PARA MELHOR INFORMAÇÃO : www.circuitocinema.blogspot.com
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