Escritora e jornalista nascida em Lisboa em 1937. Frequentou a Faculdade de Letras da capital, tendo pertencido ao grupo de Poesia 61 e colaborado em diversos jornais e revistas. Foi dirigente do ABC Cine-Clube e militante activa nos movimentos de emancipação feminina. Estreou-se com o livro de poesia Espelho Inicial (1960). Dedicou-se igualmente à ficção, tendo publicado, entre outros títulos, Ambas as Mãos sobre o Corpo (1970). Em 1972 foi uma das autoras das polémicas Novas Cartas Portuguesas (com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno), obra que suscitou um processo judicial pela sua natureza transgressora em relação à tradição patriarcal dominante.
Desperta -me na noite
Desperta-me de noite o teu desejo
na vaga dos teus dedos
com que vergas o sono
em que me deito
pois suspeitas
que com ele me visto e me defendo
pois suspeitas
que com ele me visto e me defendo
É raiva
então ciúme
a tua boca
é dor e não
queixume
a tua espada
é rede a tua língua
em sua teia
é vício as palavras
com que falas
E tomas-me de força
não o sendo
e deixo que o meu ventre
se trespasse
E queres-me de amor
e dás-me o tempo
a trégua
a trégua
a entrega
e o disfarce
E lembras os meus ombros
docemente
na dobra do lenços
que desfazes na pressa
de teres o que só sentes
e possuires de mim
o que não sabes
Despertas-me de noite
com o teu corpo
tiras-me do sono
onde resvalo
e eu pouco a pouco
vou repelindo a noite
e tu dentro de mim
vais descobrindo vales.
Maria Teresa Horta
4 comentários:
Ah Micas, este sim!
Obrigada
pois, estás com sorte de eu "andar inspirada :))))))
Lindo... gostei muito
Inspiradíssima ;))))))))))))) Um poema...uhmm...como dizer...belamente lascivo hehe!
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